INTRODUÇÃO
O leite, bem como os seus derivados, possui grande valor nutricional, sendo um alimento de grande importância para a humanidade. Esse é considerado como um produto de alto grau de complexidade, composto por diversos tipos de moléculas, entre elas se destaca a presença de água, sólidos totais, gordura, proteína, lactose e minerais. Ainda, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA, 2017), o leite e seus derivados são considerados uma das fontes mais baratas de nutrientes, além de fornecer 30% das necessidades diárias de proteína, cálcio, ferro, fibras e vitaminas A, C, D e E. Entretanto, estes produtos podem sofrer alterações na sua composição, nas suas características organoléticas em função de condições climáticas e do manejo dos animais de produção leiteira, tais como a qualidade da alimentação e a frequência da ordenha (Associação Portuguesa de Nutricionistas [APN], 2016).
A produção de leite é desenvolvida em todos os continentes do mundo (Costa, Assunção, Costa & Chacon, 2015), sendo que mais de 80% da produção mundial é oriunda da bovinocultura (Rodrigues & Alban, 2013). No Brasil, de acordo com a pesquisa trimestral feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2018), a produção de leite aumentou em relação a 2017 chegando a próximo dos 25 bilhões de litros, sendo que Minas Gerais continuou sendo o estado com maior produção, seguido pelo Rio Grande do Sul (RS) e Paraná. No cenário nacional o setor é responsável por produzir aproximadamente 20 bilhões de litros de leite por ano, empregando milhões de pessoas e constituindo um dos maiores rebanhos do mundo (Matte Júnior & Jung, 2017).
No RS, o conjunto das atividades da indústria de laticínios é responsável por empregar cerca de 9484 pessoas, representando 1,3% do emprego industrial e 7,7% do emprego da indústria de laticínios no Brasil (Fauth & Feix, 2015). A produção de leite de vaca no estado do RS está em constante evolução nas últimas décadas e cresce a uma taxa anual de aproximadamente 6%, sendo imperceptível a dominância da mesorregião Noroeste sobre a ampliação na produtividade (Reichert & Schumacher, 2015). Neste contexto, a Região Celeiro do estado do RS se caracteriza por possuir uma base econômica essencialmente voltada à agropecuária, na qual a criação de bovinos, principalmente para a produção de leite, se destaca, compondo 40,7% do Valor Adicionado Bruto da região do Conselho Regional de Desenvolvimento (COREDE Celeiro) (Governo do Estado do Rio Grande do Sul, 2015). Apesar da importância deste produto, questões econômicas e de mercado influenciam diretamente na cadeia produtiva do leite.
A cadeia produtiva do leite (Figura 1) está diretamente ligada a outros setores, já que o produtor necessita de insumos para a produção tais como sal mineral, ração, medicamentos e outros produtos veterinários com vistas na manutenção da sanidade do rebanho, bem como equipamentos e tecnologia para a produção e oferta de alimentos aos animais. O leite, depois de produzido na propriedade, em geral é coletado e transportado para a indústria e cooperativas da região onde são feitas análises de qualidade para determinar o destino à indústria de beneficiamento e processamento, para por fim, ser levado pelo varejista até o mercado onde estará ao alcance do consumidor final.
Conforme Martins, Muylder, Lopes & Falce (2014), a partir do início da década de 90 a abertura do mercado especialmente sobre o setor lácteo brasileiro, desregulamentou o mercado do leite, onde houve a abertura da economia para o mercado internacional e estabilização de preços com a implantação do Plano Real. Esta modificação causou enorme impacto na produção e produtividade de leite no país, desencadeando um crescimento do setor. Para Matte Júnior & Jung (2017), dentre os principais segmentos do agronegócio, a cadeia produtiva do leite é considerada como uma das mais importantes, tanto do ponto de vista econômico, já que sua representação vem crescendo constantemente perante as atividades do agronegócio, em função da tecnificação, como do ponto de vista social, pois é um segmento de extrema importância na geração de emprego e renda, principalmente ao produtor rural, impedindo em muitos casos uma intensificação do êxodo rural. Sendo assim, a adoção de inovações tecnológicas, com vistas no aumento da produção e da produtividade da atividade de produção leiteira, com eficiência e sustentabilidade, pode ser um aspecto bastante relevante desta cadeia produtiva.
Neste contexto, o objetivo do trabalho foi avaliar os fatores responsáveis pela evolução da cadeia produtiva do leite nos municípios de Três Passos e Tiradentes do Sul no Rio Grande do Sul, Brasil.
METODOLOGIA
O estudo foi realizado nos municípios de Três Passos e Tiradentes do Sul, localizados na Região Celeiro do RS, respectivamente nas coordenadas 27º 27' 20" S e 53º 55' 55" O e 27º 23' 51" S e 54º 05' 02" O. Para o desenvolvimento do trabalho, foi realizada uma pesquisa de campo baseada em um estudo de caso em propriedades rurais produtoras de leite, através da aplicação de entrevistas com questões semiestruturadas aos produtores de leite de 10 propriedades rurais no município de Três Passos e 10 propriedades de Tiradentes do Sul. As propriedades foram escolhidas de forma aleatória e caracterizadas como pequenas, médias e grandes de acordo com a quantidade de litros de leite produzido por dia. Este sistema de classificação foi criado e adotado neste trabalho para facilitar o processo de análise e interpretação das informações colhidas, sendo organizada da seguinte maneira: Propriedades que produzem até 300 L/dia foram classificadas como pequenas; de 301 L a 600 L/dia como médias e aquelas que produzem mais de 601 L/dia foram consideradas grandes. Através das questões elaboradas e aplicadas buscou-se determinar possíveis relações entre as mudanças ocorridas na cadeia produtiva do leite com a produtividade, levando em consideração os possíveis fatores que a influenciaram, tais como: genética do rebanho, tipo de pastagem e tecnologias utilizadas. Além disso, foram coletados dados sobre as características gerais de cada propriedade, dos produtores e suas famílias, tamanho do estabelecimento, quantidade de leite produzida, dificuldades, nível tecnológico e seu impacto sobre a produção, entre outros. Após a coleta, os dados foram analisados, tabulados e organizados na forma de gráficos para posterior discussão dos resultados.
RESULTADO E DISCUSSÕES
No que diz respeito a idade, 20% dos produtores de leite entrevistados apresentaram de 20 a 30 anos, 15% de 31 a 40 anos, 40% de 41 a 50 anos, 25% de 51 a 60 anos, não havendo entrevistados com menos de 20 anos e, nem acima de 60 anos. Estes resultados mostram uma realidade comum no cenário demográfico da zona rural brasileira, onde a quantidade de jovens com até 20 anos é a menor faixa etária presente no meio rural, enquanto que indivíduos entre 40 e 60 anos representam, em geral, a maior parcela da população. Este fato resulta no envelhecimento e não renovação dos habitantes que residem no campo (Maia & Buainain, 2015). Um dos fatores que agravam a saída do jovem do campo é a falta de políticas públicas que incentivem sua permanência, assim a busca por melhores condições de vida e por conhecimento, normalmente em instituições de ensino técnico ou superior, levam a juventude para os centros urbanos, uma vez que esta deixa a zona rural e acaba na maioria das vezes não voltando mais, acarretando no desequilíbrio da faixa etária da população (Zago, 2016).
Com relação ao tempo em que os produtores atuam na atividade de produção de leite de vaca, 10% dos entrevistados deste estudo relataram que trabalham no ramo há cerca de 1 a 10 anos, 30% de 11 a 20 anos, 40% de 21 a 30 anos e 20% de 31 a 40 anos (Figura 2).
Os dados obtidos permitem inferir que 60% dos entrevistados atuam na atividade leiteira entre 21 e 40 anos, o que representa um tempo considerável na atividade. Este tempo de permanência do produtor de leite na atividade pode estar relacionado à sua dependência pela atividade e não necessariamente pela satisfação no desenvolvimento da mesma. Esta afirmação estaria de acordo com Angelo et al. (2016), ao relatarem que, em muitos casos, os produtores permanecem em uma determinada atividade no campo porque não têm conhecimento para fazer outra coisa ou porque não possuem a escolaridade mínima exigida para sua inserção no mercado de trabalho. A este aspecto pode-se acrescentar situações de resistência em adotar novas metodologias de trabalho por parte dos produtores que desempenham a bovinocultura de leite por um maior período de tempo, como sendo o principal entrave para a modernização do campo, que se deve a manutenção de processos que foram passados de antepassados para as gerações futuras, sendo que a cultura, as crenças e o costumes ainda possuem uma forte ligação com o modo de produzir nos dias atuais (Cruz, Araújo & Costa, 2015). Para Sangaletti (2017), o problema ocorre quando se depara com a idade avançada das famílias e sua não renovação provocada pelo êxodo rural e também quando ocorre o abandono da atividade por parte de pequenos produtores, que favorece as propriedades com maior estrutura tecnológica.
No que se refere às relações de trabalho, 10% das propriedades visitadas são patronais e 90%, caracterizadas como de agricultores familiares. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, 2017) conceitua a agricultura familiar como os sistemas de produção que são desenvolvidos e gerenciados por uma família e que necessitam primordialmente de mão de obra familiar de ambos os gêneros e faixas etárias, já a agricultura patronal é aquela gerida e operada por indivíduos assalariados que não são proprietários da terra, caracterizadas ainda por serem, em geral, mais capitalizadas.
As informações apresentadas refletem uma realidade comum no RS, já que os produtores de cunho familiar e que possuem uma área média menor que 20 ha, são responsáveis por uma significativa quantia da produção de leite do estado do RS, ultrapassando a marca de 4,5 bilhões de litros por ano (Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural [EMATER/RS - ASCAR], 2017). Werncke et al. (2016), também relatam o predomínio de pequenas propriedades de base familiar entre os estabelecimentos produtores de leite da região sul do estado de Santa Catarina.
O modo de produção familiar é fundamental para o desenvolvimento do país, sendo que no ano de 2017 empregou mais de 10 milhões de cidadãos brasileiros e gerou renda para milhares de famílias (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento [MAPA], 2019). A agricultura familiar no estado do Rio Grande do Sul se destaca em termos de organização, estruturação e geração de renda (Bittencourt, 2018).
A partir dos dados coletados a respeito da produção de leite/dia nas propriedades e sua classificação com base na proposta apresentada neste estudo, pode-se constatar que no município de Três Passos (Figura 3 A), 3 propriedades se enquadraram como pequenas, 3 como médias e 4 como grandes. Já no município de Tiradentes do Sul, somente 1 propriedade foi classificada como pequena, 3 como médias e 6 como grandes (Figura 3 B).
Sendo assim, pode-se destacar que 50% das propriedades produtoras de leite participantes desta pesquisa, nos municípios de Três Passos e Tiradentes do Sul/RS, podem ser classificadas como grandes, ou seja, produzem mais de 601 litros de leite por dia, enquanto que 30% das propriedades foram classificadas como médias, por produzirem de 30L a 600 L/dia e 20% classificadas como pequenas, já que produzem até 300 L/dia (Figura 4).
O fato da maior parte das propriedades estudadas terem sido classificadas como grandes produtores de leite (50%) pode estar associado, entre outros fatores, à legislação vigente, que exige cada vez mais investimentos em tecnologia com vistas na garantia da qualidade do produto. Segundo as Instruções Normativas 76 e 77, constituídas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2018a, 2018b), foi mantida a contagem bacteriana máxima de 300 mil unidades por ml e 500 mil células somáticas por ml no caso do leite cru refrigerado e os produtores poderão acentuar sua produção a partir de instrumentos de gestão de qualidade.
No país, a presença de estabelecimentos de gado de leite com uma menor produção está ao decorrer do tempo tem se reduzido e consequentemente, a produção tem se concentrado em propriedades maiores. Conforme Caldas & Roel (2016) entre os principais motivos que levam os pequenos produtores de leite a abandonarem a atividade estão a falta de políticas públicas que valorizem e incentivem a sua permanência no campo, a falta de crédito rural acessível, tecnologias de baixo custo e a inexistência de assistência técnica rural. Os estudos de Gomes (2012) ressaltam, na análise da distribuição da produção de leite no Brasil, a região Sudeste como sendo responsável por metade do total produzido pelo país e a região Sul, que responde por mais de 20% da produção e enfatizam que a maior parcela desta produção é desenvolvida por grandes produtores caracterizados por possuírem estabelecimentos com alto nível tecnológico e capacitação de formação.
Quando os entrevistados foram indagados sobre o histórico da produção de leite nas suas propriedades, todos relataram que a quantidade de leite produzido nos últimos 10 anos aumentou. Estas informações são condizentes com o crescimento médio de produção brasileira de leite que, na década atual chegou a 4,5%, com ênfase no aumento alcançado entre os anos de 2013 e 2014, quando a produção chegou a um patamar nunca visto antes na história do país, com a produção de mais de 35 milhões de toneladas de leite (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], 2016).
Em relação ao que pode ter contribuído para o aumento na quantidade de leite produzido, os produtores entrevistados, em sua maior parte, afirmaram que o principal fator que levou ao aumento na produção foi a adoção de novas tecnologias, que tiveram papel fundamental na otimização do tempo para realização das atividades, diminuição da mão de obra no setor e no incremento significativo de renda para as propriedades, assim o acesso e uso da tecnologia é considerado o grande marco da atividade leiteira. Para Vilela, Rezende, Leite & Alves (2017), a modernização tecnológica permite que as fazendas produzam mais leite com menos fatores de produção, e consideram surpreendente a força da tecnologia para explicar a variação do valor bruto da produção, com 90% de contribuições oriundas de sua aplicação.
Outro aspecto de grande relevância relatado pelos produtores entrevistados diz respeito à utilização de inseminação artificial e, consequentemente, o melhoramento genético dos animais. Estes fatores teriam contribuído para a obtenção de resultados positivos em relação ao aumento da produção, da produtividade e da qualidade do leite, ao tornar o rebanho leiteiro mais homogêneo, com a seleção de animais com as características desejáveis e adequadas à realidade de cada propriedade. Neste sentido, Ximenes & Martins (2018) enfatizam a importância da correta escolha do progenitor conforme as peculiaridades e objetivos de cada sistema de produção, através da seleção de animais com genes desejáveis para um custo-benefício favorável, que torne possível um aumento na quantidade de leite produzido sem um custo exorbitante. Sob o mesmo viés, Baruselli et al. (2019) destacam que a inseminação artificial em bovinos é uma das principais tecnologias responsáveis por alavancar a cadeia do leite, já que esta forma de reprodução se sobressai em todos os aspectos perante a monta natural, inclusive ao aumentar a longevidade reprodutiva das fêmeas e potencializar o retorno financeiro.
Em relação ao preço do litro de leite pago pela indústria, houve unanimidade nas respostas, ou seja, todos os produtores de leite entrevistados informaram que estão insatisfeitos com os valores recebido. De modo geral, os entrevistados alegam que o preço do litro de leite pago ao produtor é muito instável e o produto proporciona uma pequena margem de lucro por unidade produzida. Os agricultores destacaram ainda, que a situação tem se agravado nos últimos tempos em função do aumento dos custos de produção, o que acaba deixando os produtores à mercê do mercado e desmotivando sua permanência na atividade. A oscilação do valor pago por litro de leite se deve essencialmente pela influência que o estado maior produtor de leite exerce sobre a formação de preços e devido a influência que os estados sofrem pelos seus próprios preços (Ramos, Borba, Melo, Lima & Melo, 2018). Neste contexto, Pereira & Malagolli (2017) relatam que as dificuldades resultantes da pressão feita pelo mercado e o baixo valor pago pelo litro de leite, pode ser contornada através da implantação de inovações tecnológicas. Segundo os autores esta é a saída para a exploração dos recursos disponíveis de maneira eficiente, sendo capaz de promover resultados positivos na quantidade e qualidade do leite e na sustentabilidade.
A tecnificação que vem sendo empregada de forma intensa na cadeia produtiva do leite nos últimos anos provocou mudanças expressivas no modo de produzir leite, pois sua inserção otimiza o tempo, expande a produtividade e gera um produto de melhor qualidade (Pufal, 2016). Quando questionados se tinham adquirido tecnologias nos últimos 10 anos e quais teriam sido os seus impactos no processo produtivo, todos os entrevistados (100%) afirmaram que aumentaram o nível tecnológico de suas propriedades e que apesar de ser, muitas vezes, um investimento financeiro elevado o retorno a longo prazo tem sido compensado. Este fato demonstra o interesse dos produtores em estar em constante evolução, sempre em busca da redução de custos e da ampliação dos lucros, adaptados ao mercado. Neste sentido, Carvalho, Oliveira & Beskow (2017) afirmam que o aumento da produtividade de leite está estreitamente interligado com a modernização tecnológica dos sistemas de produção, sendo indispensável para o contínuo processo de evolução.
Sobre os componentes da família que desempenham atividades na produção leiteira, grande parte dos entrevistados relataram a importância da participação feminina na gestão da propriedade. Estas afirmações estão em concordância com Marion & Bona (2016) que salientam o papel fundamental da mulher no mundo agropecuário, sendo que sua presença é ainda mais notável quando nos referimos a gestão e à geração de renda.
No que se refere à assistência técnica e extensão rural, 60% dos produtores de leite entrevistados informaram que não possuem auxílio de um profissional especializado e desempenham as atividades de manejo animal e gestão da propriedade de acordo com as experiências que tiveram ao longo do tempo que estão na atividade. Por outro lado, apenas 40% dos agricultores entrevistados informaram que possuem assistência técnica especializada. De acordo com Castro et al. (2017), a ausência de assistência técnica acarreta no enfraquecimento da difusão tecnológica, fato que prejudica a evolução dos processos de produção, qualidade e venda do leite produzido pelo país. Neste sentido, destaca-se como de fundamental importância a oferta e disponibilidade de assistência técnica aos produtores de leite dos municípios de Três Passos e Tiradentes do Sul, bem como aos produtores em geral. A expansão da produção baseada na presença de assistência técnica é evidenciada no estudo de Gomes, Ervilha, Freitas & Nascif (2018), os quais constataram o incremento na renda bruta das propriedades que possuem a prestação de serviço técnico, que se elevam em cerca de 26% e tendem a aumentar no decorrer dos anos.
Ao serem indagados sobre se pretendiam continuar na atividade de produção leiteira, alguns dos entrevistados disseram que após conquistarem a aposentadoria sua intenção não é de permanecer produzindo leite, pois não há perspectiva de que ocorra sucessão familiar na propriedade. Conforme Giacomelli (2015), a saída do jovem do campo proporciona impactos inimagináveis e é um dos maiores gargalos a ser resolvido, sendo que a juventude rural deve ter acesso a tecnologias de comunicação e ao lazer, além de ensino, segurança, assistência médica e transporte de qualidade.
CONCLUÇÕES
A partir da análise de mudanças ocorridas na cadeia produtiva do leite nos municípios de Três Passos e Tiradentes do Sul pode-se destacar que houve uma evolução no setor, para os agricultores participantes desta pesquisa. Dentre os aspectos relevantes, pode-se afirmar que a modernização e a implantação de inovações tecnológicas são fatores fundamentais para as mudanças positivas ocorridas no setor leiteiro, nas propriedades rurais pesquisadas. Estes aspectos teriam contribuído para o aumento na quantidade e na qualidade do leite produzido, além de diminuir a mão de obra e otimizar o tempo.